Eduardo Paím coroado rei da Kizomba
O músico Eduardo Paím foi homenageado, essa sexta-feira (24 de Maio), em Luanda, como Rei da Kizomba, durante a Conferência Internacional da Kizomba, realizada no Hotel Intercontinental, numa iniciativa da Associação Original Kizomba.
Coube ao embaixador Sita José, Coordenador do Comité Nacional de Gestão da Bienal de Luanda, o privilégio de vestir o manto e pôr a coroa a Eduardo Paim, que entusiasmado, derramou lágrimas e afirmou que continuará a prestar o seu melhor.
No acto, foram distinguidos também o escultor João Mayembe, o artísta plástico Guilherme Mampuya, Alice Beirão (pelo Ministério da Cultura), Cecília Gourgel (directora Nacional do Património),Luyana Almeida (fotógrafa) e João Reis e Walter Ananás pela música.
Entremeando animação com música e dança Kizomba, a Conferência, denominada “Um território chamado Kizomba”, abordou os temas "A kizomba enquanto performance: Marcas geracionais e os estilos, desde o arrasta-pé do século passado às acrobacias do século XXI, apresentado por Tomás Pedro "Mestre Petchú”.
Durante a sua apresentação Mestre Petchú narrou a história da génese da Kizomba, afirmando que nasceu do Semba – e que a palavra significa umbigadas.
Petchú explicou também que ministra aulas de dança na Europa, principalmente em Portugal, onde fixou residência.
Neste painel, Rosa Roque, mentora das Gingas do Maculusso, Cecília Gourgel e António Rosas partilharam as experiências. A primeira como compositora, a segunda como directora do Património Nacional e o terceiro como passista.
"Rotas da Kizomba, preservação e construção de pontes interculturais” foi o segundo painel ministrado pelo antropólogo português, André Soares, que possui um doutoramento sobre a Kizomba.
André Soares, na sua apresentação, destacou, entre outras aspectos, as farras de quintal, a circulação da Kizomba, a Kizomba nos festivais internacionais, a Kizomba como activo cultural da diáspora.
Por sua vez, a sua conterrânea, a dançarina e produtora, Inês Pinto, falou da experiência do projecto “Kizomba Nation” e do África Dançar, duas iniciativas pioneiras na realização de eventos dedicados à kizomba, que de Lisboa atacou outras cidades europeias e no mundo.
A conferência contou também com a participação de uma cidadã sueco-finlandesa, Kirsi VanSol, professora de Dança e entusiasta da cultura angolana, que abordou sobre as diferenças entre a Kizomba dançada aqui e no exterior, assim de como a primeira viagem em Angola em 2017 a fez mudar completamente a forma de encarar o estilo. Também partilhou o interesse em estreitar as culturas angolana, sueca e finlandesa. "Angola é o país da criatividade onde tudo vira moda”.
Kirsi VanSol afirmou que a Kizomba é muito mais do que uma dança. “É uma energia”, sublinhou a sueco-finlandesa.
Em jeito de contribuição a historiadora, Alexandra Aparício enfatizou a importância da sociedade civil e do surgimento de iniciativas como a Associação Original Kizomba para pressionarem o Executivo para organizarem estudos sistematizados para um melhor conhecimento.
Na ocasião, o economista angolano António Silva fez uma apresentação sobre o impacto económico do movimento da Kizomba.
O evento, que durou um dia, contou com um conjunto de quatro temas. Dois dos quais foram abordados no período da tarde, sendo "Semba e Kizomba um diálogo permanente”, cujos intervenientes foram Dom Caetano, Ana Clara Guerra Marques, Roldão Ferreira, Alberto Gustavo, e "O papel dos DJ: influências musicais, fusão dos ritmos e das novas tecnologias”, com reflexões de João Reis, DJ Luís Rafael, Ilídio Brás, Eddy Compper (antilhano) e Simmons Mansini.
Esta conferência enquadra-se nos objectivos de inscrição da Kizomba na UNESCO para a classificação a Patrimónío Imaterial da Humanidade.
