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Unesco
29 Março 2023

De Nkumba a Rumba: O rico Património Cultural Intangível dos Congos

 

Rumba ou “nkumba” (umbigo em Kikongo), na sua formulação original, descreve a união e fricção de umbigos, uma dança que marcou as celebrações para os povos do Reino do Kongo (que abrangeu o que hoje conhecemos como Angola, a República do Congo e a República Democrática do Congo).  

A Rumba Congolesa moderna, contudo, é muito mais do que apenas uma dança ou estilo musical, encarna a criatividade, espírito, filosofias e cultura do povo congolês. É o legado dos escravos, constrangidos a deixar o seu país para as Américas sem nada mais do que a sua essência para ligá-los ao continente. É o produto de uma troca entre os dois Congos e Cuba, e mais tarde um grito de movimentos de libertação. 

Foi ao ritmo da “Indépendance Cha Cha” do Grand Kallé que a maioria dos Congoleses celebrou a sua independência. Esta canção, amplamente difundida nos anos 60, relata os acontecimentos que levaram ao processo de independência. Considerada como um dos primeiros sucessos pan-africanos e da rumba congolesa, esta canção encarna a força e a influência da rumba congolesa através da história. A rumba congolesa também ajudou a aproximar os dois Congos, reforçando as suas identidades culturais e abrindo o caminho para a criação de outros estilos musicais. 

Mais recentemente, a rumba congolesa foi reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Intangível devido à sua inegável contribuição para a música em todo o mundo, mas também para os valores pan-africanos e a memória africana. Esta nomeação promete ser um grande passo em frente ao destacar a rumba congolesa, promovendo oportunidades de emprego e empreendedorismo na indústria musical e a transmissão de valores culturais na região.

Para celebrar o novo estatuto da rumba congolesa como património intangível da humanidade, dois eventos destacarão a rumba em Luanda e Pointe-Noire, à margem do Dia Internacional do Jazz. Dois concertos do músico Héritier Watanabe terão lugar em Luanda com o apoio da Aliança Francesa nos dias 1 e 3 de Abril, celebrando tanto os 20 anos de paz de Angola como o reconhecimento da rumba como património mundial. Seguir-se-á um grande festival organizado em Pointe-Noire pelo Instituto Francês: "Rumba um dia, Rumba sempre” de 7 a 15 de Abril, apresentando um rico programa de concertos, conferências, workshops e uma exposição, com palestrantes e propostas dos dois Congos, Angola e as diásporas.

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