SADC quer paz definitiva na RDC

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Bienal de Luanda
05 Novembro 2023

SADC quer paz definitiva na RDC

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) manifestou, este sábado (4 de novembro), preocupação com a deterioração da situação de segurança e humanitária prevalecente no Leste da República Democrática do Congo (RDC) e com os relatos de retoma dos ataques e ocupação de parcelas do território pelo M23, numa clara violação de cessar-fogo no país.

 

A posição foi assumida, em comunicado, no final da Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, convocada pelo estadista angolano, João Lourenço, na qualidade de Presidente em Exercício da organização, que analisou a situação política e de segurança na RDC.

 

 

Segundo documento, a cimeira baixou, igualmente, orientações estratégicas sobre o destacamento da Missão da SADC na RDC (SAMIDRC), destinado a restaurar a paz e a segurança no país.

 

"Faço votos de que as contribuições desta sessão sejam um sucesso, encontrando as melhores vias para ajudarmos os nossos irmãos da República Democrática do Congo”, afirmou o estadista João Lourenço.

 

“Que esta cimeira extraordinária da organização encontre as melhores soluções para a paz definitiva na República Democrática do Congo (RDC)”, acrescentou.

 

A República Democrática do Congo enfrenta desafios de segurança na sua região leste há vários anos, e em Dezembro próximo realizará eleições gerais.

 

A guerra no leste da RDC tem raízes num genocídio no Ruanda, ocorrido em 1994, quando cerca de 800 mil pessoas da etnia tutsi foram massacradas por extremistas hutus. Muitos dos autores do genocídio fugiram para as florestas do Congo, formando a milícia hutu Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), que desde então tenta atacar o Ruanda e também comete atrocidades contra a população local congolesa.

 

A presença da FDLR provocou a intervenção de vários países vizinhos, especialmente o Ruanda, que apoiou grupos rebeldes tutsis no Congo, como o Movimento de 23 de Março (M23), que chegou a ocupar a cidade de Goma em 2012. Além disso, há dezenas de outras milícias e grupos armados que disputam o controlo de territórios e recursos minerais na região, como o ouro, o coltan e os diamantes.

 

A violência e os conflitos armados causaram níveis alarmantes de sofrimento humano, incluindo deslocamento, separação de famílias, abuso, saques, ferimentos e mortes violentas. A RDC é um dos países do mundo com o maior número de pessoas deslocadas, com mais de cinco milhões de deslocados internos e mais de 900 mil refugiados em países vizinhos. As vítimas de violência sexual também são frequentes, especialmente no leste do país, e muitas vezes são rejeitadas pela comunidade e suas próprias famílias.

 

Apesar dos esforços de paz da ONU e da União Africana, a situação no leste da RDC continua instável e perigosa, com constantes violações dos acordos de cessar-fogo e dos direitos humanos. Várias organizações humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), tentam ajudar a população afectada, fornecendo assistência médica, alimentar, financeira e psicossocial, além de facilitar o restabelecimento dos laços familiares.

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